Estou há imenso tempo para te escrever. Sim, a ti, Mariana. Eu sei que estás aí. Nem vou comentar a velhacaria que é tu andares há tempos por aqui e nunca me teres dito nada, senão o texto vai sair torto. Bom. Só nos conhecemos há quatro anos lectivos, mas às vezes tenho a sensação que já nos conhecíamos antes disto tudo. Tenho a sensação que já sabes tudo e mais alguma coisa sobre mim, mesmo que, por vezes, ainda demore algum tempo a contar-te algumas das confusões em que me meto. Mas conto, conto sempre. E porquê? Talvez por causa dos meses em que partilhámos uma casa de banho e um corredor. Lembro-me perfeitamente de ter chegado completamente aterrada a Lisboa, com medo de não me dar com ninguém, com medo de não me adaptar, embora desejasse a mudança há anos. Lembro-me de terem sido os Gatos a unirem-nos com o seu Zé Carlos, já não me recordo de todos os pormenores porque, como sabes, a minha memória é fraca. Mas lembro-me que começámos a deixar a porta aberta, começámos a deixar trancada apenas a porta de fora quando saíamos, começámos a falar de um quarto para o outro, começámos a ir para o quarto uma da outra (mais para o teu, que o meu era minúsculo), começámos a deixar recados em post-its porque sim, começámos a fazer palhaçadas e até nos ligaram para nos mandarem calar. Meu Deus, parece que já passou tanto tempo.
Sinceramente, não sei o que teria sido de mim se não tivesse partilhado o "apartamento" do segundo andar desta residência contigo. Não sei como teriam sido estes quatro anos sem as nossas sessões fotográficas (por falar nisso, quando é a próxima?), sem as nossas gargalhadas, sem as nossas (muito esporádicas) brigas, sem os tiros que prometemos dar aqui dentro, sem as nossas comidinhas, sem as nossas idas ao já-não-tão-adorado-chinês, sem as tuas entradas de rompante no meu quarto quando eu não estava bem, sem os nossos abraços. Sabes, és das poucas pessoas a quem gosto de dar abraços. No fundo, acho que foste tu que me fizeste perceber que aquilo que eu considerava uma utopia ainda existe. A amizade. Porque é a ti que eu ligaria a meio da noite se precisasse de alguma coisa, embora saiba que dormes com o telemóvel desligado (lamento informar-te, mas isso terá de acabar quando eu sair daqui). Porque é a ti que eu vou convidar para seres madrinha de tudo e mais alguma coisa que há-de acontecer na minha vida. Porque é a ti que eu conto os meus problemas (já) sem vergonha na cara (sim, esses mesmos). Porque hei-de ser tia dos teus filhos, quer arranje ou não um gajo com irmãos, e tu dos meus (se algum dia me aventurar nessas andanças). Porque há-de ser contigo que hei-de fazer uma viagem onde men are not allowed, quando formos mulheres de sucesso. Porque hei-de continuar a confiar no teu bom gosto para filmes, livros e músicas. Porque és a minha pessoa preferida. E porque hei-de gostar sempre muito de ti.
11 comentários:
És tão lamechas... :|
Não sejas invejoso, um dia escrevo um para ti. Oh, wait...
Isso parece-me um clube do Bolinha, mas ao contrário...
Vic: isto é só uma residência universitária :|
E eu que achava que eras umas rapariga que não fazia este tipo de discursos! xD
faa: não percebi se isso é uma coisa boa ou má :P
A verdade é que eu também achava que não fazia este tipo de discursos...
Então pronto, já respondeste ao que quis dizer. Não és uma rapariga deste tipo de discursos :)
Não quer dizer que as vezes não são necessários.
faa: safaste-te bem com a resposta :P
Olha que temi o pior, desejei estar caladinho. Mas arrisquei xD
Ahahah, estás cheio de sorte então!
Apesar de eu ser só lamechas quando escrevo (quando penso, então), não consigo estar lamechas. Penso que é o estudo que me dá a volta à cabeça.
Apesar de já saber tudo o que escreveste, é sempre bom que nos mostrem aquilo que sentem por nós - e tu sabes que valorizo isso - e fico muito feliz :)Para além de que é sempre bom recordar o "mariquices à parte, quem não gosta do Zé Carlos é muita estúpido!"
Espero já estar menos chata hoje, btw, porque dizeres que sou chata enjoa !
Love you girl *
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