25 de maio de 2012

Human 2.0

Cheguei há bocado de uma conferência na Fundação Champalimaud: Human 2.0 The Future as It Happens. Vim o caminho todo a organizar ideias para escrever, é demasiada coisa para partilhar num post só, além de que isto perde a espectacularidade toda por escrito. Era preciso estar lá a ouvir, a rir, a ficar com a lágrima no canto do olho e os pêlos da nuca eriçados, a aplaudir.

É por isto que eu tenho uma certa inveja da genialidade. Porque, sim, fazem-se coisas promissoras e extraordinárias. E não só é notável a capacidade de desenvolver novas tecnologias, como a nossa magnífica capacidade de adaptação, de superação dos nossos limites. Toda a gente devia conhecer o Neil Harbisson que nasceu com acromatopsia (só via a preto e branco) e agora consegue "ver" as cores através de sons (basicamente, as cores correspondem a frequências únicas, que podem ser transformadas em sons, ou seja, ele ouve as cores através de um eyeborg). Ele mostrou-nos o som dos nossos olhos, dos nossos lábios, de pinturas, assim como consegue fazer o inverso, mostrou-nos as cores de um discurso do Hitler e do Martin Luther King, as Quatro Estações do Vivaldi. Podia ficar a noite inteira a escrever sobre quão extraordinário isto é, não foi só ligar e pronto, foi um processo de adaptação porque ele tem de ouvir as cores e ouvir o que o rodeia, saber distingui-los e pensar na informação que está a receber, mas ao fim de um certo tempo já o fazia de forma notável, como se aquele eyeborg já fosse um prolongamento de si.

Depois tivemos a interacção Homem-Máquina, vimos um macaco a pôr um robot a andar, apenas com a tempestade de informação recolhida a partir dos neurónios dele e que era transmitida ao robot, que estava do outro lado do planeta. E, com isto tudo, torna-se impossível não ficar abismado com a quantidade de coisas que se estão a desenvolver e que não se sabe. Que, como é natural, demoram tempo a serem bem sucedidas e, sobretudo, a poderem ser aplicadas ao comum dos mortais, mas a verdade é que está a acontecer e é graças a isso que estão a trabalhar para que o pontapé de saída do Mundial de 2014, no Brasil, seja dado por um jovem paraplégico. Um exoesqueleto* controlado pela sua mente vai fazê-lo entrar no campo a andar ao lado dos jogadores e dar um chuto na bola. É esperar para ver :)

*um esqueleto versão robot, do lado de fora da pele

4 comentários:

Unknown disse...

Soube que só há pouco tempo é que conseguiram fazer uma mão robot funcionar numa criança. Foi um avanço muito bom.

Deve ter sido um tempo muito bem gasto nessa conferência :)

Xana disse...

Mais que bem gasto :D

Sofia disse...

Ouvir as cores?! Essa é a ideia mais interessante do dia.

Xana disse...

Sofia, é de ficar de queixo caído. Ouve o sonochromatic portrait, http://eyeborg.wix.com/neil-harbisson#!videoart