18 de junho de 2012

You've applied the pressure to keep me crystalised

A questão é que eu não tenho aspirações de me tornar um diamante. Não quero ser o material mais duro que a Terra conheceu. Não quero riscar sem ser riscada, sem me desfazer, nem um bocadinho que seja. Não quero ser uma pedra preciosa que tantos se cansam a procurar. Transparente, talvez, preciosa e eterna, nem por isso. Bem sei que a recompensa parece generosa, quiçá poética. A beleza soberba no final de um longo percurso de dor, que isto da pressão é coisa para magoar. 
Nunca vemos a cara da pressão, essa grande cabra, apenas sentimos o seu poder. É como um cerco que avança sobre nós, sem piedade, e que nos comprime, que nos tira o ar dos pulmões, em alguns casos mais dramáticos, a alma.
Contudo, a beleza do processo reside no facto deste não ser irreversível. Há, ainda que até a um certo ponto, a possibilidade deste cerco parar e de ficarmos no estado anterior ao diamante, de continuarmos a ser a grafite que éramos inicialmente. Aquela que se desfazia suavemente em pó sempre que queríamos deixar a nossa marca, marca essa que não é fria e cruel como a do diamante, mas sim gentil e que tem um tempo de duração perfeitamente aceitável, ainda que não seja eterna.

Sem comentários: