Airport Blues

Dia de viagem para mim é sinónimo de ser apalpada. Por uma mulher. É que não há uma santa vez em que o detector de metais não me escolha no seu sorteio aleatório para apalpações (sim, isto acontece mesmo, para os senhores da segurança terem um trabalho mais animado e não adormecerem e para meu terror, creio). Não sei se há algum maníaco por trás disto, mas eu nunca levo nada susceptível de detecção ou quando levo tiro e aquilo apita SEMPRE. Lá chamam eles uma senhora e lá vem a pergunta da praxe "Importa-se que eu a reviste?" e eu faço sempre o mesmo encolher de ombros conjugado com um sorriso tímido, como quem diz "Não serve de nada eu dizer que me importo".

O problema maior aqui é que eu sofro de um mal crónico, que se chama cócegas. Do tipo, antes de me tocarem eu já me estou a rir à gargalhada e a encolher-me toda, ora imaginem uma senhora a tentar passar as mãos por cima de mim e eu não poder fugir a sete pés. Mais, há ali um momento em que tenho de fazer um esforço monumental para não me rir, que é quando ela passa dos braços para o meio do peito e desce pela barriga (isto agora mais pareceu um daqueles blogues eróticos manhosos), e lá tenho eu de trincar o lábio, controlar-me para não me rir e ficar corada (calculo que isto seja um espectáculo digno de se ver). Depois lá vem a sensação de alívio, nas pernas já não custa nada.

Pronto, há quem tenha calafrios só de pensar em andar de avião, eu sofro com isto.